sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Cunhado pouco é bobagem

Choviam céus lá fora quando eu fui ao portão. Eram os dois chegando: Evandro e Eduardo. Evandro era de longe mais bonito. Vinha na frente, correndo da chuva com as mãos na cabeça e com o menor atrás. Cunhado é uma merda, mesmo, não importa em que parte do mundo você está. Na minha casa não ia ser diferente. Como não dava pra deixar o guri do lado de fora, tive que convidar para entrar. E o que era pra ser um jantar romântico virou um encontro de família. O Evandro disse que não podia deixar o outro em casa porque estavam sozinhos na casa dos pais. Claro, querido, pode trazer. Eu até passei o dia no fogão para isso mesmo.

Não sei quando foi que Deus criou o cunhado, mas certamente não foi num dia bom. Ele estava de mau humor ou algo assim. Feliz era Eva, que não tinha nenhum Adamastor ou Adalberto. Os meus namorados sempre ganham uma penca de cunhado, somos quatro irmãs e dois irmãos, então eu nem me importo em falar mal de cunhado. Sei muito bem do que estou falando. Sei muito bem que eu tenho razão.

Aliás, não descobri ainda a utilidade desta raça à parte. Eles não servem para programas de casais, porque eles não são tão legais. Eles não servem para eventos de família, porque não são tão chatos. Eles não servem para emprestar dinheiro, porque nunca tem mais dinheiro que você. Eles não servem para ter uma conversa sério com o seu parceiro, ou com o seu irmão, porque eles nunca entendem exatamente o que você quer que seja conversado. Ou quando entendem, discordam.
Eles só servem para te julgar, te avaliar e depois sair correndo e contar tudo para a mãe em comum, também chamada como sogra. Mas sobre esta eu não vou comentar, porque eu tenho que admitir, a mãe do Evandro é uma gracinha, e não acredita muito no Eduardo.

Na verdade, eu poderia até dizer que o problema das relações modernas consiste, exatamente, no ponto chamado cunhado. Eu até diria que cunhado mais do que cunhada. E esse era exatamente o meu problema com o Evandro. Ele era um amor. Fazia o que eu queria, estava sempre disposto, me amava imensamente, e eu a ele, mas ele vinha com um irmão. E aí a coisa começa a esquentar. Até o quinto mês, com sorte sexto, eles são quase como irmãos para você. Mas então as coisas mudam, e então eles mostram que, não, não são irmãos. São cunhados. E também, não, não são bonitinhos ou fofinhos ou engraçadinhos. Que, sim, eles vão reclamar de você, e, sim, você nunca vai ser tão boa assim, e, pois é, você não vale a pena.
- Qual pena? Ora, não importa. Você não vale. -

Na maior parte das vezes, isso passa quando se deixa de ser cunhado. Salvo alguns casos que o maldito não percebe este detalhe, e insiste em se comportar como tal.

Depois do jantar, o menino ainda ficou conosco, conversou, elogiou a casa e fingiu até que era uma gracinha. Estamos no sexto mês de namoro, o que significa que meu prazo de validade está acabando. Aquele sorriso tão simpático já começa a cair, e você já não está mais a fim de ser tão legal assim. As coisas começam a parecer como realmente são, e como eles nunca vão deixar de ser irmãos, a única opção era fingir que o Evandro era filho único, exceto em momentos fisicamente conflitantes, como natais e aniversários.

Por sorte, já estava tarde, e, que pena, eles não podiam ficar mais. Mas tudo bem, o jantar foi mesmo uma maravilha, e a gente tinha que marcar de se ver mais. Afinal, somos família, não é?

Família é o cacete, que cunhado não é família. Certa era a minha tia, que dizia que se cunhado fosse bom, não começava com cu e rimava com viado. A cunhada dela era a minha mãe, mas ainda assim, ela tinha toda a razão.







Nota Minha: Eu não tenho cunhado, e adoro os meus "quase-cunhados". ^^

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Selo Blog de Ouro

Antes de tudo, gostaria de agradecer imensamente ao Calixto, que me indicou ao selo. Mais, obrigada por ter me ensinado a escrever um texto. Sendo meu professor de redação, você tem uma parte nisto aqui, certamente.

Quando eu li no Pictorescos que eu tinha sido indicada, pensei em mil coisas, quase todas ruins. Coisas essas sempre relacionadas ao meu problema em associar "indicada" com "ganhadora". (Sim, perceber no contexto que eram sinônimos foi bem difícil.)
Na verdade, ainda estou com medo de não ser bem o que eu estou pensando.

Passado o meu desespero padrão e a minha neurose absurda, tão típicos de mim, voltamos ao selo. É um dourado bonitinho que eu pretendo por no meu blog, bem ali na coluna da direita. Assim que eu descobrir como se mexe no Blogger e como se põe selos aqui. (Eu tenho problemas com isto aqui. Tá vendo aquele marcador vermelho ali? Eu demorei mais de uma semana para aprender a colocá-lo no lugar.)

Além de poder exibir o selo, eu devo indicar mais quatro blogs que eu acho merecedores. A minha lista foi bem difícil de ser montada, e ficou, por fim, assim:

1) O Fio da Navalha
Blog do Vitor, que escreve muitíssimo bem. Com certeza, merece a visita.
Mais um selo para a sua lista, primo. (;

2) Devaneios
Blog da Juliana. Escreve de um jeito que eu acho bem particular. Muito bom também.
Só não vou falar meu parentesco com ela também pra não parecer marmelada. (=

3) você cometeu um engano
Um blog bem original e tranquilo de ler.
A Noelle escreve muito bem.

4) [ blame it on candy ]
Um blog muito legal, que merece o selo e que eu acho parecidinho com o meu. Ou seja, uma beleza. Hahaha. (=

Os indicados devem seguir as seguintes regras:
1) Precisam exibi-lo no site, com o link de quem o votou.
2) Devem indicar mais quatro outros blogs que merecem tal selo.
3) Avise aos indicados do prêmio.
4) Os blogs premiados devem ser conferidos, para ver se passaram o selo.

Espero que gostem do selo, e obrigada, Calixto, pelo reconhecimento. (;

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Físico

É físico. Sobre aquilo que machuca, que arde, que fere, que sente, que dói. É físico e dói. Não dá pra ver, mas dói. É sobre aquilo que passa, que passou e que virá. Sobre o real e irrisório destino imprevisível. Esperado, mas não previsível. Sobre o por do sol no alto da colina, sobre o abraço de despedida, sobre o amor no último instante. Sobre a dor real, invisível e física, que machuca, arde, fere, sente e dói. Sobre a dor de verdade, sobre o amor de verdade, sobre a história de verdade. No fim de tudo, sobre a verdade, e a verdade vista de cima.

E de cima somos olhados, assistidos, aplaudidos, corrigidos e amados.






De cima, a vista é sempre melhor.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A Peça

E por todo o tempo, todo o tempo que eu estive por lá, a única coisa que eu conseguia pensar era se valeria a pena. Se seria verdade, ilusão, mentira, falsidade, paixão. Ainda que fosse puramente por atração sexual, continuava me perguntando se todo aquele jogo de poder iria dar em algo. Se nos achariam, descobririam, nos matariam, condenariam, e outras centenas de hipóteses, todas completamente surreais e absurdas. Poderiam, sim, me julgar como quisessem, mas seria algo que não mudaria absolutamente nada. A importância do julgamento alheio é algo tão importante como o é o próprio. Se tudo aquilo foi em vão, então que vã fosse nossa densa caçada obscura. Por caminhos tão longos contínuos, nada muda afinal. O filme continua, gravado e regravado por anos. Troca-se os atores, mas não os personagens. Tudo continuava como antes, eu era só a peça.







Obrigada pelos comentários no último post, Igor, Juliana e Calixto. Não sabia que vocês gostavam tanto daqui. (=