sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Achei que era cinza, mas não, é amarela.

Ninguém me falou o que era crescer. Me ensinaram um monte de valores e histórias, me deram matéria para solidificar o meu caminho. Mas eu não sabia que o caminho, na verdade, não é sólido. É como fumaça. É pior do que fumaça. É como um vapor invisível, que você sabe que existe depois que já passou. Eu só posso medir minhas ações pelo tamanho das consequências. Eu estou sozinha, mais do que nunca. Mais consciente do que nunca também. Minhas atitudes entram em conflito com a minha mente, mais lúcida do que nunca. Eu sei muito bem o que estou fazendo. Só não queria ter que fazer. Queria que a vida fosse fácil. Queria ser corajosa, diferente, que o curso das ações não fosse esse. Mas, ao contrário de crescer, todos sempre me falaram que a vida não é fácil. Ela é injusta, chata, traiçoeira. Te dá uma prova do melhor, para que você possa buscar sempre por isso de novo. Sem sucesso, óbvio.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Hoje não é Barroco

Há muito tempo me falta inspiração. Não tenho mais visto o meu redor com os mesmos olhos que antes. Me acostumei a ser mais uma na multidão, a cometer erros de português e a reclamar de acordar cedo. Mas hoje algo me tocou de uma maneira diferente, tão diferente que me fez rever uma parte dos meus textos que ficou lá atrás. Tão atrás que parece nem existir mais em mim.

Mas existe. Ela só finge que dormiu. Mas não, não me inspirou como me inspirava antes. Antes eu era movida a dor. Agora, o que restou foi só saudade. Posso dizer agora que é verdade que quando a dor passa, só ficam os bons momentos, e a vontade de lembrar só deles. Essa dor - que corrói, machuca e te modifica por dentro - existiu, e se eu procurar, ainda vou achar fragmentos dela em mim. Mas também constrói. Foi uma parte importante, e não sei dizer como eu seria hoje se ela não tivesse existido.

E hoje eu estou aqui, e você aí, onde quer que seja. E hoje eu fiquei pensando em como seria se você me visse aqui onde eu estou, no meu lugar de direito. E aqueles por quês, quandos, nãos... é tão bom dizer que eles ficaram para trás. Não se aceita nem compreende nunca, mas é preciso saber conviver.