terça-feira, 9 de setembro de 2008

A Sincronia

Chegava em casa, acabado e feliz. Não tinha palavras, tinha sono. Só queria se jogar na cama e dormir para sempre. O abraço da noite já não cabia e as palavras seriam rudes amanhã. A sinfonia, a bela sinfonia do amor, já se extinguirá sem deixar rastro. O sol raiava. Lá embaixo, na cidade, alguém acordava.
O galo cantava. Num ato de contradição, se levantou e foi para a varanda. O clima frio gelou suas costas nuas. O café esfriava em sua mão e o mato em volta da Estrada Baixa virava gelo. Tudo parecia tão surreal, tão impossível. Não aconteceria novamente. Sorria como sorri um idiota. A vida começava a tomar forma, e na correria que seria logo, ele também tinha que ir. Talvez nunca mais fosse olhar aquela vista desta forma. Ah, certamente que não. A sinfonia se transforma, a cada manhã, como água em plástico, como areia da praia. Ele foi dormir. Ao acordar, a vista seria diferente. Ainda bem.

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