quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ah, o carnaval..

O Carnaval transforma as pessoas. E não é só por causa da fantasia!
Por Mauricio Meirelles, O Carioca

Ah, o Carnaval! A época em que milhões de brasileiros esperaram ansiosamente durante o ano inteiro, quer dizer, durante o mês inteiro, já que o ano só teve janeiro, até agora!

Aliás, não parece que janeiro foi criado, exatamente, para as pessoas curarem a ressaca de uma festa para outra? Fico imaginando como foi criado o calendário.

- Gente, tá errado isso aqui. Temos festas demais em dezembro: Natal, amigo secreto, festa da empresa, reveillon. Daí, logo depois, já vem o Carnaval? As pessoas não vão agüentar, nem todo lugar é Salvador.

- Calma, cria um mês antes, então. Vamos chamá-lo de JANEIRO.

- Você é sensacional. Palmas.

E assim vivemos: com festas no fim do ano, um mês de descanso e mais festas em fevereiro. E, é só a partir daí que o país começa a se mover de verdade! Dizem que a evolução é dividida em AC e DC. Nunca fez tanto sentido: Antes do Carnaval e Depois do Carnaval.

Bom, o importante é que ele chegou e já mudou a rotina de todo mundo. Repara só:

Da noite pro dia, começam a aparecer colchões e mais colchões na sua casa, junto com eles, isopores de tudo quanto é tamanho. Fica ainda mais incrível depois que você percebe que um deles é seu há muito tempo.

Diferente de todas as outras segundas-feiras, a de Carnaval é a única que você está de pé às 7h da manhã. Tudo bem que virado da noite anterior, mas está de pé!

Você nunca ficou tão feliz em ouvir a frase: A AVENIDA ESTÁ LOTADA. Se fosse um dia normal, você estaria depressivo, não eufórico!

As pessoas cruzam a rua mais empresarial da cidade com lantejoulas, paetês e purpurina. E, por incrível que pareça, ficam menos ridículas do que trajando terno e gravata embaixo do sol.

Sabe aquela mulher recatada que você levou meses para saber apenas o nome? Pois é, ela já beijou mais de oito em dois dias e ninguém perguntou o nome!

Sabe aquele seu chefe mal encarado, briguento e implicante? Nunca pulou e te abraçou tanto. Até aí tudo bem, mas o problema é que ele está vestido de mulher!

A música mais tocada nas rádios vai sair de lá. E, infelizmente, vai invadir a sua casa, a sua TV, a sua mente e a sua vida. Você vai ouvi-la no trio elétrico em diferentes versões, na propaganda de cerveja, nos sons de carro, nos assobios pelas ruas. E de tanto tocar em um simples mês, ela vai ser considerada a melhor música do ano.

Você nunca imaginou que entenderia sobre temas tão importantes como: Kalua-lua, a cachoeira espiritual que purifica Manaus, ou O Maniti, o rei Sol de uma floresta piauiense, enredos de cunho cultural, super interessantes, que ensinam bastante, através de mulheres seminuas. Aliás, se o objetivo dos enredos é ensinar algo útil, por que não fazem um desfile com o tema “Tabela Periódica”? Imagina que legal: cada ala seria uma coluna da tabela, as gostosonas vestidas de gases nobres. Já até vejo o samba-enredo: Bela Magrela Casou com Senhor Barão Ratão. A nobreza de um Xenônio... Ia ajudar bastante no vestibular?!

Toda mulher que aparece na TV durante o carnaval, vira modelo. Foi entrevistada? É modelo! O que você faz da vida? Sou modelo! Não importa se dois dias atrás a moça estava no Superpop falando da nova carreira no mundo pornô. Começou o carnaval, ela é modelo e está cheio de projetos para o ano, que está só começando!

Frase do tipo: “Aproveita, é Carnaval” será seu álibi para tudo! Você não quer beijar alguém? Já chega um amigo e fala, “aproveita, é carnaval”. Você não quer beber? A sua família aparece e fala, “aproveita, é carnaval”. O bandido não quer roubar um banco? O comparsa fala “aproveita, é carnaval”. No Carnaval, vale tudo!

Você vai se sentir um entendido em arte e música, como nunca foi antes! Ah vai! Não se espante ao falar coisas do tipo: A Unidos da Tijuca pecou um pouco nas alegorias, por isso mereceu 9,3, mesmo sem você ter noção do que é uma alegoria. Aliás, sempre quis entender o porquê desses 9,3. Por que não, 9,4 ou 9,2? O que determina esse um décimo? Cada vez que a passista pisca fora do compasso, perde um décimo? O pior de todos é quando o 9,9 é unanimidade entre todos os jurados. É quase como foi bem bacana, mas aquele pelinho para fora do escudo incomodou a gente, sabe?

Daí o Carnaval acaba e tudo volta ao normal. Quer dizer, nem tanto.

Dependendo do que você aprontar, o jeito vai ser usar máscara por bastante tempo ainda!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Bonita

A madrugada sempre esconde uma beleza madura, oculta.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Complexo É Algo Que Não Tem Nome

- Você sabe que eu não minto e quais são meus motivos pra ter que ir embora.



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Tanto tempo se passava. A manhã já começava a cobrir o morro com luz outra vez. Eu apodrecia de calor à beira daquela janela mal lavada. Por dentro, eu descobria que ficava complexa. E é muito mais difícil ser feliz complexo. A felicidade se torna uma complexidade. Eu apodrecia de calor, e voltava a mente a anos atrás, quando o mar esquentava minha noite fria. E o que se combinava não eram vidas ou corpos ou almas. Eram dias, que se combinavam para passaram mais rápidos. Que se ajustavam lado a lado, completos. Que foram deixados para trás pela força necessária do destino ou do tempo. Que eu já não via a tanto tempo e faziam ressurgir toda a complexidade possível dentro de mim, toda a complexidade minha.
Eu apodrecia de calor, e as pessoas iam embora também. E tudo aquilo que não pode ser contado ou falado, tudo aquilo que é secreto nas areias da praia, dentro da gente. A gente tem que aprender a ser complexo, a não gostar, se acostumar, apodrecer de calor. E deixar a praia vazia.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Acaso.

Caso o acaso seja difícil. Caso a esquina se dobre em dois. Caso a chuva venha a cair. Caso a moeda venha a faltar. Caso o riso seja escasso. Caso a verdade seja mentira. Caso o acaso venha a calhar. Caso você venha a esperar. Se lembre que o acaso não espera, e o acaso não existe. Que o caso de se fazer de depois é que o depois não chega, e ninguém vai te perdoar. Gira, segue, vive. A roda, como sempre, gira. Eu lavo a minha alma nas cortinas de Iemanjá, e não te peço nada além de um santo protetor. Eu lavo minha alma, corpo e alma, nas águas de verão, de mar, de mar. Minhas águas, e da mãe Iemanjá. Nos batuques da religião proibida da Bahia, eu faço o meu acaso. Eu crio o meu caso, nos tambores da cidade da Bahia. Eu rodo, eu giro, eu vivo. Aprendo a dançar necessidade, aprendo a cantar sozinha. Eu e meu canto. Eu e Iemanjá. Eu e Iemanjá. Caso o meu acaso siga caminhos contrários, eu sigo com meu santo protetor, minha mãe Iemanjá. Caso o seu caminho não seja bem o seu. Caso todos os casos. Caso o seu acaso fique por perto.

Caso o cais se torne areia, e eu te queira por aqui.

Palavras

Amor. Felicidade. O irrisório da vida. A verdade, a estrela. A estrela loira do capitão. Sentimento sem sentido, vindo de uma alma seca como o chão, seca como o sertão. Palavras. Olhares. A noite. Amores. Quantos você já teve? A quantos você deu seu coração? Pessoas. Família. As muitas escaladas de sucesso. E os muitos fracassos sucessivos. Palavras. Lugares. Mudança no cotidiano, no comportamento. Minha mudança de lugar. Minhas palavras. Amores. E por fim, minha, só a minha felicidade.

Re Vita

Quando ela percebeu e abriu seus olhos, um mundo novo tinha se aberto. Não tinha ganhado tempo, tinha perdido. Tinha chorado lágrimas secas, tinha sofrido calada. Aquele não era o caminho certo, era fácil de perceber que ela não era assim. Não, eu sei que não era. Valia mais, eu pagaria mais. Mas chegou um momento que ela percebeu também que só eu por ali pagaria algo. Ela estava perdendo sua essência, diluída no ar. Tinha perdido o seu brilho, olhar e rebolado. Já não passava mais de um pedaço de tinta que se desfaz na chuva. Foram precisas duas pilastras para ela se reerguer novamente, e perceber qual o caminho que queria tomar. Mas não há dor que dure para sempre, e hoje eu sei que hei de revê-la bem. Reconstruída, melhorada. Capaz para o mundo que se abre diante de sua janela. E agora, preparada para o próximo nocaute.



- Escrito dia 19/12/2009. Para as minhas duas pilastras, Paula e Nathany. Minha consciência quando a minha falha.