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Tanto tempo se passava. A manhã já começava a cobrir o morro com luz outra vez. Eu apodrecia de calor à beira daquela janela mal lavada. Por dentro, eu descobria que ficava complexa. E é muito mais difícil ser feliz complexo. A felicidade se torna uma complexidade. Eu apodrecia de calor, e voltava a mente a anos atrás, quando o mar esquentava minha noite fria. E o que se combinava não eram vidas ou corpos ou almas. Eram dias, que se combinavam para passaram mais rápidos. Que se ajustavam lado a lado, completos. Que foram deixados para trás pela força necessária do destino ou do tempo. Que eu já não via a tanto tempo e faziam ressurgir toda a complexidade possível dentro de mim, toda a complexidade minha.
Eu apodrecia de calor, e as pessoas iam embora também. E tudo aquilo que não pode ser contado ou falado, tudo aquilo que é secreto nas areias da praia, dentro da gente. A gente tem que aprender a ser complexo, a não gostar, se acostumar, apodrecer de calor. E deixar a praia vazia.
Você me surpreende sempre com algumas imagens... às vezes tenho a sensação de estar lendo um texto de uma senhora...
ResponderExcluirvaleu pelo comentário no meu. familiar a história, né?
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Pois é, gostei da imagem da capa do blog, o cão e o gato se confrontando pelo rato, já do texto, nem tanto.
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