sexta-feira, 18 de julho de 2008

O Sexo

O menino falava como um grilo, totalmente desprezível. Ninguém quer um desses para sua filha. No meu caso, para meu filho. Quando se abraçaram, quase vomitei. Graças à Deus, não se beijaram. É contra a espécie, contra a natureza, ou então Deus não teria feito o homem e a mulher.

Meu filho, Murilo, disse que iriam viajar juntos. Juntos. É, fez eco.

J-U-N-T-O-S.

Quase morri, e se o pai dele estivesse vivo, morria de novo. Como assim, juntos?

Quer dizer, vão dormir abraçados? Como um casal de namorados? Eles são um casal? E então meu mundo caiu e não consegui me segurar.

- Vocês vão fazer sexo?

Eles simplesmente não podiam fazer sexo. Meu filho não pode fazer sexo com outro homem. Eles são homens! Meu terço arrepiou todo no meu pulso. Abaxei a cabeça e esperei a resposta. Eu sabia a resposta, eles sabiam a resposta, meu terço sabia a resposta. Mas inves de ele dizer que sim, apenas disse:

- Que sexo, mãe?

Fiquei perdida. Será que ele não sabia o que era? Hoje em dia, eles já nascem sabendo, não é, não? Do outro lado da sala, Licinha, minha filha mais velha, soltou um risinho.

- Mãe, é claro que eles vão fazer sexo.

Então o outro corou. Veja só! Eu, uma mulher de respeito, antenada, moderna, mãe de dois filhos, super liberal, vendo um qualquer corar porque estávamos falando sobre sexo. Sobre o dele.

- Mãe - disse Murilo -, nós vamos fazer sexo, sim.

Então tudo começou a não fazer sentido. Mais ainda. Como aquele homem, ali na minha frente, bonito, novo, bem cuidado, que coube nos meus braços, estava fazendo sexo com outro homem? Homem?!

Eles sairam da sala, e ficamos eu e Licinha por mais muito tempo. Ela vendo TV e eu perdida na minha cabeça. Meu filho. Meu filho...

Eles sairam, Licinha saiu, Murilo voltou e, por fim, Licinha voltou. Eu ainda estava ali, pensando no meu filho. Ela chegou perto, me abraçou e disse:

- Ele já é um homem, mamãe.

Com toda a certeza, eu respondi:

- Eu sei que é. E como é.

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