Talvez esteja certa. Ou talvez a voz seja minha, criando loucuras que ninguém mais pode ouvir. Talvez seja aquele monstro que me visita a noite. Pode ser que eu nunca me livre. A cada instante, tudo aparece novamente e nem escrever eu consigo assim. O que eu fiz é exatamente o que eu pergunto toda noite, e quanto mais falam, mais grito. Quando o conselho já não cabe, aonde se procura abrigo? Por onde andas, meu amigo, quando preciso de alguém que não seja diferente de você? De repente, eu preciso de uma saída que não está ao meu alcance. E achá-la em meio a essa confusão me parece impossível. Seu conselho, meu amigo, aonde eu o encaixo? Quando não está em lugar nenhum, não sei onde procurar. Não adianta anos e vidas que eu o faça, sei que não sou capaz de te achar. Quando não se está escondido tampouco morto, por que não faz de mim menos egoísta e mais tua amiga?
terça-feira, 25 de novembro de 2008
sábado, 22 de novembro de 2008
Dia de Sol
Por um instante, sua cabeça parou. Ao fim, o mar. Marcela se sentia tonta, como se tivesse bebido muito, Se sentia nauseada, mas sabia que não era da doença. Era como se alguém estivesse gritando na sua cabeça, como um filme que não quer se ver. O céu cantava um dia bonito e a imagem se perdia no horizonte. Ao fim, só o mar. Por perto, as pessoas aproveitavam a chance de um dia ameno em um inverno frio como aquele. Marcela olhou ao redor e era como se nada acontecesse e tudo fosse um sonho da sua cabeça. Ela poderia acordar a qualquer hora par ir ao colégio. Se perguntou quantas vezes aquilo acontecer, quantas vezes a vida prega peças assim, te fazendo acreditar em todas as suas chances e sonhos para depois arrancar de seu peito deixando sangrar. Quantos sonhos já abandonou? Quais suas metas há cinco anos? Porque, ao fim, só o mar. E o céu acima começa a chorar. É um pranto fino e triste, como se sentisse as dores da garota. E que pai seria Júpiter se não sofresse com sua filha?
Quando suas lágrimas se misturaram com a chuva, Marcela viu que não estava sozinha. Talvez a morte seja tão ruim quanto dizem. Talvez morrer seja fácil. Mas por mais perto que esteja, há sempre um longo caminho até ela. E ainda fazia um dia de sol, apesar das lágrimas do pai.
Suposições
Para mim, para tudo, para nada. Eu poderia escrever um texto sobre isso. Uma análise, dissertação, explicação. Uma justificativa, uma desculpa esfarrapada mais comum que o motivo real da sua pergunta. Eu podia usar isso toda vez que me perguntassem algo sobre o que não quero falar, não é nada mau. Eu podia te enrolar, e modéstia a parte eu faço isso muito bem, ou ser direta com alguma resposta grossa. Mas eu prefiro me fechar e virar a cara, dizendo que não quero falar sobre e deixando soltas mil suposições a respeito. A pergunta errada, ou certa demais, porque eu gosto da sua dúvida e porque eu gosto da minha dúvida. Porque o caminho de incertezas é grande, e certas coisas são melhores ditas depois.
COISA BOA
Coisas Bobas. Toda hora, coisas bobas. Quando não surge nada, coisas bobas. Quando não há ninguém, coisas bobas. Curtinhas, rapidinhas. Pequenas Coisas Bobas. Que duram quando não era pra durar, que doem quando não era pra doer. O que passou, coisa boba, quando não houve nada na verdade. E a ti dedico minhas maiores coisas bobas, e o que houve vai continuar acontecendo, porque você é uma coisa boa pra se pensar quando não há nada mais. Porque eu sei que já fui sua coisa boba, e porque eu sei que nunca seremos algo mais. Mas é assim mesmo que tem que ser, não somos pra isso. Não somos pra nada. Somente coisa boba.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Meninas Bonitas
A dança ritmada da noite já acorda em som tambor. Não há nada mais bonito em quem sofre que a dor. A vingança destrói, e não há mais música. Não muda. A palavra é dita, nunca retirada. As penas de uma vida sem miséria. E como medir a dor em tamanho caos? E como achar amor em tamanho ódio? O que é passageiro, me diga. Uma criança no chão do quarto, e a marca no rosto a levará sempre. E sempre a ver um rosto que não é o seu. Impulso não gera nada, é gerado. E há sempre um motivo. Como medir a dor senão por quem a sofre? Como fazer dor senão por quem a faz sofrer? Ache alguma vez sinceridade, senão beleza ou comodidade. Ache alguma vez honestidade e em seu lugar verá que sombra faz morrer. Espelho não se quebra, se transforma. E quando palavras não forem o suficiente, quem é o melhor? O primeiro lugar não tem preferido, tem proibido. Mas não importa. O primeiro lugar já não é tão interessante assim.
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