sábado, 22 de novembro de 2008

Dia de Sol

Por um instante, sua cabeça parou. Ao fim, o mar. Marcela se sentia tonta, como se tivesse bebido muito, Se sentia nauseada, mas sabia que não era da doença. Era como se alguém estivesse gritando na sua cabeça, como um filme que não quer se ver. O céu cantava um dia bonito e a imagem se perdia no horizonte. Ao fim, só o mar. Por perto, as pessoas aproveitavam a chance de um dia ameno em um inverno frio como aquele. Marcela olhou ao redor e era como se nada acontecesse e tudo fosse um sonho da sua cabeça. Ela poderia acordar a qualquer hora par ir ao colégio. Se perguntou quantas vezes aquilo acontecer, quantas vezes a vida prega peças assim, te fazendo acreditar em todas as suas chances e sonhos para depois arrancar de seu peito deixando sangrar. Quantos sonhos já abandonou? Quais suas metas há cinco anos? Porque, ao fim, só o mar. E o céu acima começa a chorar. É um pranto fino e triste, como se sentisse as dores da garota. E que pai seria Júpiter se não sofresse com sua filha?
Quando suas lágrimas se misturaram com a chuva, Marcela viu que não estava sozinha. Talvez a morte seja tão ruim quanto dizem. Talvez morrer seja fácil. Mas por mais perto que esteja, há sempre um longo caminho até ela. E ainda fazia um dia de sol, apesar das lágrimas do pai.

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