quinta-feira, 21 de maio de 2009

Prazer

- O cheiro era ruim. Era cheiro de xixi, de gente, de fedor. Não aguentavam muito tempo por ali, e dava preguiça pensar. Naquilo tudo que eu li, eu não achei nada demais. Naquilo tudo que eu vi, nada me tocou. E eu não me importo de continuar o jantar.

- O carro fez barulho, reclamaram do buraco. Um palavrão compreensível. Pois que a música é boa, então nada se ouve. Nada se ouve, nada se vê. O mundo lá fora gira, mas aqui, conservamos nosso ar. Tudo fechado, isolado. Pois que nada se ouve, e a música é boa. Pois que a música é boa, conservamos nosso ar.

- Cada vez mais alto, lá dentro parece de dia. Não dá pra ver o dia passar. Cada vez mais alto, cada vez mais caro. Tanta luz que cega, e é tanta inveja que cega. Tanta gente disfarçada de gente, tanta solidão. É um vazio imenso, é tudo muito gelado. Hipocrisia, mentira, gente assim. Licensa, mas eu evito.

- Prazer da classe média. Prazer; mas ora, que prazer? Prazer de comprar, como assim? Como assim, que prazer? Prazer, ora. Prazer.

Um comentário:

  1. Gostei muito do texto e concordo que o prazer de comprar, a falsidade, a mentira estão presentes na sociedade, são pessoas que pensam que o mundo gira ao redor delas. Você escreve muito bem e dá para perceber nos seus textos que você possui bastante criatividade. bjss...

    Rafael

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