terça-feira, 10 de março de 2009

A Tarde

Aprendíamos naquela escola que meninas cavalgam com as pernas de um só lado, e que é feio não saber bordar. Aprendemos naqueles tempo que amor não se possui, e que é coisa de quem não tem o que fazer. Aprendi com aquelas pessoas que o mundo pode ser meu sempre que eu quiser, mas agora que o meu mundo decai e morre, não há ninguém para salvá-lo. Eu me entreguei a vida como tinha de ser, mas agora ninguém me diz o que fazer. Aos poucos, a minha vida saía pelos pulmões, e a cor negra ia perdendo o seu brilho. Eu esperava do sol que se apagasse, que a poeira levantasse, e que eu fugisse dali. Mas nada aconteceu, e todos me traíram. Até a minha lua, que por tanto tempo eu amei, virava as costas para mim, e esconderia aquela noite. Eu olhava todos mas não via rostos. A luz me cegava, e as lágrimas rolavam sem parar. Eu desesperava uma intervenção divina, mas não foi feita. E cada vez, a roda era maior. E cada vez, mais gente se aproximava. E cada vez mais, eu seguia com a minha morte aplaudida, sem pensar ou achar sanidade. Assim, ali, eu morri, com uma salva de palmas.

A luz se apagou mas os olhos não fecharam. Sujava o vestido branco da menina. No colo de sua senhora, ele jazia sob as lágrimas dela.

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