quinta-feira, 2 de abril de 2009

Íssima

Pergunto-me ainda mais por que a distância, o orgulho e as barreiras. Por que, sinceramente, elas não levam a lugar nenhum.

Acima dos carros e dos barulhos da cidade, a ópera cantava a canção à meia-noite. Era só bonita, mas não bastava para ouvir. Fazia sons demais enquanto eu só queria dormir. Eu não me importava com o tipo de vida que me faziam levar. Eu sei que do lado de fora alguém me espera, mas sem o buquê. Aonde foi que eu errei a esquina, aonde foi que eu trucidei o romantismo. E aonde foi que eu disse que amar é meia dúzia de palavras combinadas e plagiadas, ao som da banda avesso da ópera?

Eles tocam tão sereno agora que é impossível não se concentrar. A minha vida inteira está resumida nas notas de alguém que eu não faço ideia do sobrenome. Realmente me pergunto até aonde essa vida miserável vai nos levar. Será que vivemos só de mentiras? Será que vamos realmente acordar para isto um dia? Ou será que o meu erro foi gigantesco de novo? Ou será que eu sempre erro e não foi diferente? Eu vi meus cinco minutos de espera virarem quarenta. E me pergunto principalmente aonde foi exatamente que eu deixei de ser subjetiva para me entregar às palavras diretas. Se isto foi um ato consentido ou só acidente do destino.

A ópera não vai parar tão cedo, com suas bolas e seus tacos rachando sobre a mesa. Eu sei que tenho que abstrair, mas simplesmente não dá quando tudo parece tão longe de mim.

A ópera nunca vai parar de tocar, enquanto a minha verdade, dita tão crua e não correspondida, não for tão verdadeira quanto soou.

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