O barulho é aterrorizante. Nos fechamos em nosso mundo. O medo se apodera de mim, porém não mais forte do que a vontade, o desejo. O corpo claro e proibido na minha frente me faz esquecer que me esperam lá fora. É quase uma garagem velha, é a nossa suíte agora. Não passa de um banheiro velho e fedorento, que aguenta firmemente após quatro horas de festa. Papel higiênico usado sossega tranquilamente no chão de madeira. Não há ninguém que reconheça meu rosto neste baile de máscaras, diferente do dele, famoso pelos quatro cantos do salão. Sua esposa aguarda em casa, e nós dois sabemos que ela sabe de tudo. Meu parceiro, companheiro, amante não imagina nada disso. E nós dois também sabemos que ele me deve. Atira-me na parede contra a privada, arrancando minha blusa. Beija-me loucamente como se esperasse há muito por isto. Na verdade, há muito mais esperamos por isto. Em silêncio, em segredo. Quando um guardava o desejo do outro escondido sob a maquiagem, sem a necessidade de uma provocação, sem a necessidade de um outro olhar. Nós dois sabíamos exatamente o que acontecia. Mais do que divertido, era perigoso. Desliza a boca em mim, convertendo saliva em suor. E numa épica cena romântica, acha-me escondida, e já não precisamos de mais nada.
A cena continua a mesma. Algumas meninas abandonadas à espera de alguém se sentam longe da vista. A festa segue animada, com todos os nossos conhecidos em comum presentes. Eu o vejo se aproximar do resto do time, ajeitando o cabelo claro de leve. As mãos trêmulas, o amigo entendendo. Seu sorriso me explica, somos cúmplices agora. Viro meu rosto, e lá está meu príncipe mentiroso. Seus amores antigos ocultos sob a fachada. O sorriso mais bonito de todos se vira na minha direção. Me chama, me beija, me abraça. Camadas abaixo, curvas melhores fazem menção. Mas agora eu também tenho meus segredos.
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