quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Irreal

Ele não falava, enrolava, fugia do assunto. Ela reclamava e dizia umas verdades, fingindo não dizer. Pressionavam, delicados, por motivos diferentes. Mas voltavam sempre pelo mesmo caminho.

Aquela noite, o céu era negro. Não havia nenhuma estrela ou risco de Lua. Se misturava ao mar como em uma aquarela. Nada se via no horizonte, como se este não existisse. Um abraço quebrava o silêncio da paisagem, ainda que sem fazer barulho. Não eram necessários sons, o mar já bastava, envergonhado de seu escândalo e de suas ondas nervosas. Uma fogueira, avisando sobre os ritos, ardia sem efeito. O frio reinava apesar do fogo. Uma brisa gelada batia nas costas nuas da garotas, fazendo-se desimportante, uma vez que a garota já tremia. Para sempre ficaram ali, como parte do cenário, até se moverem, lentamente, em um beijo tímido, vil, lascivo.

Se abraçaram novamente, quando a fogueira se apagou. O calor do fogo, pequeno em comparação, já não servia mais.

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