Desta vez, escrevo para alguém. Assim mesmo, direto e declarado. Em um momento autoritário, meu espaço, e eu posso, sim, usá-lo para fins melosos e emocionais. (;
De anos, desde os meus... hum... oito anos, somos amigas. A conheci quando eu tinha cinco anos e meio. Eu sei, eu era um bebê. E ela também, que tinha seis. A viada sempre se gabou dos seus seis meses a mais do que eu. E eu sempre me defendi por meus dois metros a mais (cof cof).
Eu sempre via, e ainda vejo, amigos de infância que cresceram juntos, lado a lado, passando por tudo de ruim com o outro. Bem, nesta "cigana life style" que meus pais adotaram eu nunca tive ninguém que eu dissesse "este nasceu comigo", exceto, lógico, as minhas irmãs.
Esta já é a minha quarta cidade em quinze anos, e os meus dias aqui estão contados (malas prontas assim que passar no vestibular, seja lá para onde). Todas estas cidades eram pequenas, e sempre foi muito comum eu ver amigos meus falarem de outros amigos como sendo amigos há milhares de anos. E isto nunca foi para mim. Hoje, na cidade onde eu moro, minhas amizades mais antigas tem quatro anos. Não é uma reclamação, só estou analisando o ponto.
Pois bem, em virtude disto, nunca houve, exceto novamente as Lyrio, alguém que fechasse comigo. Eu quero dizer, alguém que tivesse a mesma linha de raciocínio que a minha, construída da mesma forma. Que desse valor a um mapa, a um livro do Harry e a um solo de guitarra do Legião exatamente da mesma forma. Alguém com quem eu discutisse por horas, ou anos.
Pois bem, eu estava completamente errada.
Na minha infância eu tive vários (diferente de muitos) amigos. Mas imagine-se criança, mudando constantemente em um mundo em que a internet ainda é um animal distante (não que isto sirva de desculpa ou algo assim). Eu perdi amizade com todos. Amizades estas que hoje eu tento ainda todo dia reconquistar.
Eu perdi amizade com todos, menos um. Ou melhor, uma.
Nós nos distanciamos, sim. Muito mais do que eu esperava. Mas daqueles tempo cenecistas, ela é a única que me enche o peito (e os olhos) quando eu digo "ela é minha amiga". E daqueles tempos, e de outros, a amizade dela é a que eu mais quero e tento reconquistar, pois, de todas aquelas, é a mais importante para mim.
Ela me deixava puta com as nossas discussões, e quantas inúmeras vezes nós brigamos. Alguns motivos sérios, outros mais bobos. Nós bolávamos planos mirabolantes e até chegamos a formar um grupo (ou banda, conjunto, sei lá), que tinha até músicas! E ainda me lembro da nossa despedida, como chorávamos como duas desesperadas.
Eu também tenho uma amiga de infância, melhor que muito amigo mais antigo e mais unido por aí. Ainda que estejamos a quilômetros de distância, na essência, somos iguais. Os mesmos valores, as mesmas idéias, construídos do mesmo jeito. Ainda que única, é a melhor de todos.
No meu quadro de avisos, onde só estão os especiais, está a nossa foto. Vestidas de anjinhas, de branco, para a apresentação da igreja que ficava perto das nossas casas. Ela rindo para a câmera feliz da vida mostrando o novo par de dentes. Eu, com o olho três vezes maior, louca para ir embora por ter sido a única idiota que não levou outra roupa e teve que ficar de anjinho até o final. Tempos, nossos tempos.
Amiga, sinto a tua falta. E espero, assim como aconteceu com as nossas irmãs (sempre com elas primeiro), ser tua "vizinha" de novo. Seremos grandes, amiga, exatamente como éramos grandes naqueles tempo. Eu te amo, amiga de infância.
E ainda nos vejo velhinhas naqueles balanços, exatamente como você escreveu para mim uma vez.
Que lindo *.*
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