sábado, 10 de janeiro de 2009

O Sexo II

Deviam pedir autorização aos pais para transar. Não quero dizer os filhos pediram aos pais para transarem. Os filhos dos outros deviam pedir autorização para nós para transarem com nossos filhos. Não é algo que qualquer um pode vir e levar. Tem que ser minuciosamente escolhido, a dedo. Eu realmente lamento que não posso escolher os namorados, e tem vezes que dá vontade de mandar eles devolverem ou trocarem na loja, porque aparece cada mequetrefe...

Teve uma vez que meu filho trouxe uma menina, que era três vezes maior que ele, com um moicano vermelho, igualzinha a uma bola de futebol americano em pé. Árvores seculares eram mais fáceis de abraçar do que ela. Não preciso dizer que um braço do meu filho não chegava a outra extremidade. Mas, a pedidos, resolvi dar uma chance para a menina e a convidei para um almoço de domingo. Algo bem chato para ver se ela desistia logo, com frango de padaria e salada de agrião. Pois bem, e a menina me arrota no meio da mesa. Não dava! Depois disso, o clima ficou pesado e logo terminou, e ela saiu da minha casa feliz da vida, como se não tivesse feito nada. E nem elogiou a minha comida!

Quando a minha filha já estava meio rodada, lá pelo quarto namorado dela, ela apareceu com umas conversas tortas, do tipo "virgindade não leva a nada", e eu percebi logo a dela. Mas eu estava tranquila, pois ela não tinha namorado realmente, de verdade. Na minha mente retrógrada de mãe velha, achei que tinha que ter um namorado para isto. Foi eu olhar para o lado e a garota tinha arranjado um namorado, e já tinha feito a porra do sexo. Palavras à mãe: nenhuma. Opa, teve sim. Um mês depois ela me disse: "mãe, transei" e foi tomar banho, me deixando sozinha, com a minha cabeça a mil. Lógico, eu fiz questão de conhecer o sujeito, mas ela logo me proibiu de fazer um almoço de domingo.

Eu estava sentada, então, um dia na sala, e ela chega e diz: "Mãe, esse é o André, meu namorado" e vai trocar de roupa, me deixando sozinha com o menino. Não, ele não era mais um menino, ele era um homem. No auge dos seus dezenove anos, era grande e forte, até demais. Confesso que uns vinte anos a mais (ou a menos) e eu é que tinha dado para ele, mas essa não era a questão. O que estava acontecendo é que ele estava transando com a minha filha. E, lógico, sem a minha permissão. Na verdade, pouco importava para eles a minha permissão. Eles iam continuar transando com ou sem ela. O máximo que eu podia fazer era me certificar que ele era gente boa, antes de começar a colocar as minhocas na cabeça dela.

Meia hora de conversa depois, eles saíram. Claro que eu não pude deixar de pensar que ele estava indo levar a minha filha para um motel. Graças a Deus ela era menor de idade, e eles não iam conseguir nada em lugar nenhum. Ele era um rapaz simpático, educado e um pouco tímido. Eu descobri que estudei na mesma escola que o pai. Me fiz de desentendida, mas eu sabia quem o pai dele era. Todas as meninas da minha turma, menos eu, queriam namorar com ele. No final, uma idiota lá conseguiu e frustrou todas nós. Opa, menos eu.

Quando eles saíram, eu ainda fiquei olhando a porta, esperando ele voltar e pedir minha autorização, mas eles não voltaram. O desapontamento era imenso. Com lágrimas nos olhos, eu voltei para a minha novela. Realmente, filhos são para o mundo.

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